quinta-feira, 19 de maio de 2011

O primeiro dia.

Eu tinha 14 anos quando estava na 8ª série e minha história começa assim:

Eu percebi que meu conto de fadas da infância tinha acabado e que o pesadelo da minha adolescência estava apenas começando.

Um dia antes do meu primeiro dia na nova escola, coloquei meu relógio pra despertar, mas ele não despertou, só consegui acordar porque minha mãe gritou meu nome como uma histérica e me deu um baita susto.

Como os olhos ainda embaçados de sono, levantei da cama bambeando e tropecei no Rabicho, um lindo poodle que ganhei de presente da minha mãe no Natal do ano passado. Por algum motivo doido, ela achava que eu tinha problemas psicológicos por não ter um irmão.

Embora o berro da minha mãe tivesse me acordado, isso ainda me custou um baita atraso. Eu tinha a opção de usar calça jeans ou saia colegial com a blusa da escola, mas, por ser meu primeiro dia e eu ainda não conhecer ninguém, optei pela calça. Peguei meu material às pressas e entrei no ônibus do colégio, notei que todos me olhavam com uma cara estranha, mas como isso sempre acontecia não estranhei nada. Entrei no colégio e dei de cara com meus dois melhores amigos de infância: Anabella e Nilson. Nilson olhou constrangido pra mim, não entendi o motivo e Anabela, como sempre, não foi nada discreta. Dando uma gargalhada inevitável, olhou pra mim e disse:
- Você não notou que a sua blusa tá do lado avesso?

- Não, ela tá?

- É claro, ninguém te disse isso até agora?

- Não, mas bem que umas pessoas me olharam estranho. Achei que era só o meu cabelo despenteado de novo.

- Não é a toa que te chamo de cabeça de vento. Lembra quando você foi pra escola – na 3ª série- com uma calçinha na cabeça achando que era uma tiara?

- Já falei pra você esquecer isso! E... Ah! A calçinha tinha um laçinho, dava pra confundi-la facilmente com uma tiara.

Nilson olhava para as duas, boquiaberto, será que aquilo era mesmo verdade?

Anabella olhou para o Nilson e disse:

- Nilson, pára de olhar pra gente com essa cara de quem acabou de descobrir que o Rick Martin é gay.

- Tá bom, tá bom... Mas, oh Carolina, esse lance da calcinha foi verdade?

-Vamos esquecer essa história! Alem disso o sinal já tocou e temos de ir para a aula, não vai querer chegar atrasado à sua primeira aula de Química, afinal de contas essa é a sua matéria favorita, não é?

-Ai meu Deus! Já havia me esquecido completamente disso. Vamos logo!

E nós três seguimos juntos pra aula.

Quando entramos, nos sentamos e a professora começou a se apresentar. Dei uma olhada na minha turma pra ver o que me esperava durante todo o ano.

Logo de cara, vi um menino um pouco estranho que tinha um raio desenhado de canetinha na testa e usava um óculo fundo de garrafa. Ele olhava pra professora e fazia um gesto circular com a varinha de goiaba que tinha na mão, parecia que ele estava tentando enfeitiçá-la!

Mas achei que isso era coisa da minha cabeça, já que não considerava que adolescentes de 14 anos ainda tentassem enfeitiçar um professor.

Olhei pra Anabella e falei:

- Olha aquele garoto ali, não parece estranho?

- Ele é estranho mesmo, ou está que tá pirando na batatinha!

A professora brigou comigo e com a Anabella por causa da conversa paralela, mas é claro que eu não podia ter deixado de comentar com minha “Best” um absurdo desse.

Um desafio foi lançado no quadro e quem conseguisse resolvê-lo, em 20 minutos, ganharia meio ponto em cima da nota do teste.

Passado esse tempo, só o Nilson tinha conseguido resolver, porém, não queria ir ao quadro e sabendo que eu era péssima em Química, sugeriu que eu pegasse seu caderno e fosse em seu lugar!

- Nilson, eu não vou! Isso não é justo!

- Ora, Carolina, eu não vou precisar desse agradinho da professora, vá em frente!

- Tá bom, mas só porque você está insistindo.

Mais que rapidamente peguei o caderno e fui pra o quadro resolver o desafio. Quando terminei fui me sentar, a professora deu uma olha e disse que estava correto, “é claro que estava, foi o Nilson quem fez!”

Anabella me olhou sem acreditar no que vira, ela me conhece melhor que ninguém e sabe que, sozinha, eu não resolveria aquele desafio. Tive sorte de ela ter se distraído com um gatinho que avistou na turma e ter esquecido de comentar isso alto.

Enfim o sinal tocou, estava na hora do intervalo e Bellinha, como nunca deixa nada passar, foi até o menino estranho pra fazer seu famoso interrogatório.

- Ei, menino! Você como uma varinha na mão...

-Eu?

- Sim, tem mais alguém aqui uma varinha na mão?

- O que você quer?Eu nem te conheço.

- Relaxa, só quero conversar! Qual é o seu nome?

- Meu nome é Harry.

Percebi que minha amiga fez certa força pra conter o riso.

-Harry... Harry Potter?

- Sim!

Nessa hora ela não conseguiu se conter e deu uma gargalhada.

- Como vão Hermione e o Ron?

- Vão muito bem, obrigado! Mas, se você me chamou só pra me zombar, já vou indo!

- Calma Harry! Eu quero um autógrafo. Nunca imaginei estudar na mesma escola que o bruxo mais famoso do mundo.

- Ok! Paciência tem limite. Tchau.

- Por que você não usa um feitiço para aparatar e chegar mais rápido na cantina?

Dessa vez, até eu ri junto com a Bellinha, embora achasse que ela estava sendo muito sarcástica. Mas fazer o que? Afinal, era da Belinha que estávamos falando.

Ficou na curiosidade? Espere meu livro ser lançado.(RISOS)

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